Categoria: Gado de Leite

Conheça as principais raças de vacas-leiteiras do Brasil

Data: 20/05/21

Autor: Marcelo Saldanha

O Brasil é o terceiro maior produtor de leite do mundo, com mais de 34 bilhões de litros por ano. A produção no país acontece predominantemente nas pequenas e médias propriedades. 

A produção de gado de leite é, provavelmente, uma das atividades que mais exigem comprometimento por parte do produtor no meio rural. Mas além da dedicação, técnica e uma boa gestão, a escolha das raças das vacas-leiteiras também influencia nos resultados do negócio.

Escolher o tipo de raça de bovinos de leite adequada é essencial para atender uma série de requisitos, seja as questões climáticas e ambientais da região, a topografia, a finalidade da produção e também o sistema de produção que será utilizado.

vaca holandesa

Características dos bovinos leiteiros no Brasil 

Raças taurinas

Bovinos de raça taurina ou bovinos europeus, devido à sua origem europeia, são animais mundialmente conhecidos por sua alta produtividade e desempenho. Geralmente trata-se de animais dóceis, com boa conversão alimentar e alta produtividade, porém, não são animais rústicos e, por isso, possuem alta sensibilidade.

Sendo assim, não possuem boa adaptação em climas quentes e os erros de manejo, geralmente, acarretam perdas consideráveis na produção.

Um sistema de produção em que o rebanho seja composto somente por raças puras taurinas, necessita de um bom gerenciamento e bons conhecimentos de manejo para se tornar rentável.

Por conta de sua alta produtividade, são muito utilizadas em cruzamento de linhagens, onde o maior objetivo é a obtenção de animais que mantenham uma boa produção, mas que sejam mais resistentes.

No Brasil, as raças Holandesa, Jersey e Pardo Suíça são as mais conhecidas e utilizadas atualmente. A seguir, confira algumas particularidades de cada uma delas:

Raça Holandesa

Com sua origem na Holanda, é resultado de vários cruzamentos entre animais provenientes de diversas regiões da Europa.

Atualmente, é o melhor gado do mundo para a produção de leite em sistema de confinamento, e é muito utilizada em cruzamento com outras raças visando o melhoramento genético. No Brasil, a raça é produzida principalmente nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.

Características:

  • Possuem pelagem branca e preta ou branca e vermelha.
  •  São animais pesados e de grande porte, geralmente o peso dos touros varia de 900kg a 1.000kg e das vacas de 550kg a 700kg.
  • Produção média: 6 a 10 mil kg de leite durante 305 dias de lactação.
  • Primeira cria: por volta dos 2 anos.
  • Vantagens: são animais muito dóceis, alta especificidade para produção leiteira, seu leite tem alta concentração de sólidos e seu úbere possui boa e grande conformação.
  • Desvantagens: alta sensibilidade, pouca tolerância as altas temperaturas, sua produção pode diminuir consideravelmente por erros de manejo, podem ser mais susceptíveis a doenças.

Raça Jersey

vaca jersey

Foto: Cameron Watson / Shutterstock.com

Essa raça europeia tem origem na pequena ilha de Jersey e, atualmente, é criada em quase todo o mundo.

São animais de pequeno porte, que possuem boa conversão alimentar e que se adaptam muito bem a adversidades e à diferentes temperaturas. Por isso, são muito utilizadas em sistemas com criação a pasto. A raça é encontrada em quase todo o Brasil, sendo que os maiores rebanhos estão localizados no Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e no Rio Grande do Sul.

Características:

– Sua pelagem pode variar entre amarelo-claro e pardo-escuro.

– Produção média: 3.500 a 5.500 mil kg em 305 dias de lactação.

– Primeira cria: entre 15 e 18 meses.

– Vantagens: são muito férteis e dóceis, possuem boa longevidade, seu tamanho possibilita a criação de maior número de animais por hectare e um menor custo com alimentação. Seu leite possui altos teores de gordura e proteína e por isso é muito utilizado na produção de derivados do leite.

– Desvantagens: mesmo que sejam mais resistentes que os bovinos holandeses, continuam sendo animais sensíveis. Seu úbere tem tetos pequenos e espaçados e é bem volumoso, característica que pode se tornar um desafio para o produtor no momento da ordenha, considerando que os animais são relativamente baixos e possuem os membros curtos, também pode ocorrer dificuldade em se encontrar touros de qualidade no mercado.

Raça Pardo Suíço

pardo suiço

Uma das raças mais antigas que se tem conhecimento. Chegou ao Brasil no início do século XX e tem sua origem no Sudeste da Suíça em 1800 antes de Cristo.

Com seu grande porte e sua pelagem que varia de parda clara a cinzenta escura, possui dupla aptidão, ou seja, além de ser utilizada para a produção de leite também pode ser muito lucrativa na produção de carne. No Brasil é uma raça geralmente encontrada nas regiões sul e sudeste.

Características:

– Produção média: 2.500 kg durante 200 dias de lactação.

– Primeira cria: por volta dos 30 meses.

– Vantagens: são animais resistentes, com boa capacidade para suportar estresse térmico, com alta fertilidade e longevidade. Transmitem com facilidade suas características fenotípicas e produtivas aos seus descendentes, possuem úbere bem desenvolvido, com tetos de tamanho mediano e boa inserção. Seu leite contém alto teor de sólidos.

– Desvantagens: sua produção média é menor em relação à das outras duas raças taurinas citadas anteriormente

Raças zebuínas

De origem asiática, são animais rústicos que possuem resistência as altas temperaturas e que conseguem manter uma boa produção mesmo com o consumo de alimentos de baixa qualidade nutricional. São muito resistentes aos endoparasitas e ectoparasitas tropicais. No Brasil as raças Gir, Guzerá e Sindi são as mais encontradas.

Raça Gir

gir leiteiroFoto: Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro

O Gir, ou Gir leiteiro, como é popularmente conhecido, é proveniente da região de Gir, ao sul da península de Kathiawar, na Índia.

Trata-se de um animal rústico, de porte médio a grande, com pelagem variada e possui boa adaptação a adversidades. Suporta altas temperaturas e variações na umidade do ar.

São animais de dupla aptidão e, por se tratar de uma raça zebuína com características desejáveis, Gir é a raça mais utilizada nos cruzamentos de linhagens. Os rebanhos desta raça são mais comuns nas regiões norte e nordeste do país.

Características:

– Produção média: 777kg de leite em 286 dias de lactação.

– Primeira cria: geralmente aos 43 meses.

– Vantagens: são animais rústicos de temperamento dócil, usufruem com eficiência alimentos com baixo valor nutricional, seu úbere e os tetos são pendulares. Seu leite é de alta capacidade nutritiva.

– Desvantagens: menor produção em relação às raças taurinas.

Raça Guzerá

guzerá leiteiro

De origem indiana, foi a primeira raça zebuína a ser domesticada pelo homem e também a primeira raça zebuína a chegar ao Brasil, no século XIX.

Animal rústico e altamente adaptável, de grande porte, caracterizado por seus belos chifres em forma de líria, com pescoço e traseira acinzentados.

É uma raça de dupla aptidão que possui facilidade em ganhar peso com menor investimento devido à sua eficiência em usufruir alimentos de baixo valor nutricional. No Brasil os rebanhos estão mais localizados nas regiões norte e nordeste.

Características:

– Primeira cria: entre 37 e 47 meses.

– Produção média: 2.359kg de leite em 290 de lactação.

– Vantagens: alta fertilidade, uma vez que podem gerar um bezerro a cada 13 meses. O Guzerá produz leite do tipo A2, que geralmente não causa alergia às pessoas. Além disso, possui grande porcentagem de gordura e baixa contagem de Células Somáticas (CCS).

Por serem rústicos, conferem menor custo de produção, já que as despesas com veterinário são menores. Dessa forma, é uma raça indicada para iniciantes na atividade, uma vez que erros de manejo não causarão severas perdas ao produtor.

– Desvantagens: menor produção em relação às raças taurinas

Raça Sindi

sindi

Proveniente dos trópicos paquistaneses, foi introduzida no Brasil nos anos 30, mas foi em 1952 que ocorreu a mais significativa introdução.

É um animal de pequeno porte, caracterizado por sua pelagem vermelha que varia do vermelho-escuro ao amarelo alaranjado com pintas brancas. A presença do rebanho no Brasil é mais concentrada nas regiões norte e nordeste.

Características:

– Produção média: 2.266kg em 250 dias de lactação.

– Primeira cria: por volta dos 31 meses.

– Vantagens: Possui dupla aptidão e se adapta em regiões mais secas e com poucos recursos alimentares, com diferentes condições de clima e solo. Dessa forma, a grande maioria do rebanho Sindi se encontra nas regiões norte e nordeste do país, com poucos núcleos na região Sudeste.

– Desvantagens: menor produção em relação às raças taurinas.

Raças mestiças

Um dos benefícios das raças mestiças é a questão do preço comparado às raças puras. Além de mais baratas, podem atender melhor às especificidades de cada produção e região. A mais utilizada e popularmente conhecida no Brasil é a Girolando.

Raça Girolando

girolando

É uma raça genuinamente brasileira, fruto do cruzamento das raças Gir e Holandesa, resultado da iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) por volta de 1980.

Para a formação do padrão Girolando é usado 5/8 holandês + 3/8 Gir.

Porém, o ambiente e o objetivo da criação devem ser avaliados, podendo também optar por outra composição sanguínea, como animais 1/4, 3/8, 1/2, 3/4 e ⅞.

Essa mistura garante a rusticidade do Gir e a produção, precocidade sexual, longevidade e a fertilidade do holandês, atribuindo, assim, um desempenho econômico muito satisfatório.

Atualmente, a raça é responsável por aproximadamente 80% do leite produzido em território nacional e comumente encontrada em todas as regiões.

Características:

– Primeira cria: 36 meses.

– Produção média: 5.061kg de leite em 283 dias de lactação.

– Vantagens: são adaptáveis e flexíveis a diferentes tipos de clima e manejo. Também possuem boa eficiência reprodutiva e boa conversão alimentar. Por esses motivos, são recomendadas para os iniciantes no ramo.

– Desvantagens: dependendo da região, pode ter menor produção em relação à raça holandesa

Agora que você já conhece um pouco mais sobre os diferentes tipos de raças de vacas-leiteiras para investir, fica um pouco mais fácil decidir. Lembre-se que são vários os fatores que podem influenciar o sucesso do seu negócio.

Contar com um auxílio especializado faz toda a diferença para tomar as melhores decisões. Além de auxiliar na tomada de decisão, os nossos consultores indicam as melhores ferramentas para auxiliar na gestão da sua propriedade.

Entre em contato com o nosso time de especialistas clicando aqui. 

Atualizado em 14/04/2023 por Emilly Souza

Se inscreva em nossa newsletter

Erro: Formulário de contato não encontrado.

Veja outros posts

Posts relacionados

Discussão

Deixe um comentário

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *