O período de transição das vacas leiteiras se inicia três semanas antes do parto e se estende ainda por mais três semanas pós parto.
Após o parto, o objetivo maior deve ser garantir às vacas as melhores condições para que elas se recuperem desse evento e tenham como manter uma boa produtividade e uma boa saúde ao longo da lactação.
Nesse texto você vai entender o que acontece com os seus animais no período pós parto e como prevenir a ocorrência de distúrbios metabólicos, para que as vacas possam apresentar um bom desempenho no período subsequente.
Fases do Ciclo Produtivo de uma Vaca Leiteira
O gráfico abaixo representa a curva de lactação tradicional de uma vaca de leite, no qual podemos entender melhor as relações entre consumo de matéria seca, produção de leite e escore corporal.
Após o parto, os requerimentos nutricionais de vacas de alta produção aumentam abruptamente, resultando em um quadro de balanço energético negativo (BEN), já que o consumo de matéria seca (CMS) ainda é insuficiente para atender totalmente os requerimentos energéticos da vaca em lactação.
O BEN resulta em perda do escore de condição corporal (ECC) à medida que a vaca mobiliza reservas de gordura para suportar a produção de leite e atender aos requerimentos de energia.
Sabendo disso, o manejo pós parto tem que estar direcionado à criação de um ambiente confortável e deve oferecer condições para que as vacas não sejam ainda mais sobrecarregadas nesta época.
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Agora vamos entender quais são as melhores práticas no manejo pós parto.
Manejo Pós Parto de Vacas Leiteiras
Escore de condição corporal em vacas leiteiras
Como dito acima, o BEN provoca mobilização de reservas corporais da vaca para atender às necessidades do período pós parto. É importante saber que quando a mobilização é excessiva, o desempenho da vaca durante a lactação é severamente afetado.
Assim como a condição corporal, o sistema imune também é penalizado. Diversos estudos apontam que desordens no pós-parto como retenção de placenta e metrite são correlacionadas com essa queda na imunidade.
Manejo reprodutivo no pós parto
O manejo reprodutivo no pós-parto imediato é decisivo para a fertilidade das vacas.
A redução no consumo de matéria seca afeta negativamente a fertilidade e a produção subsequente das vacas, além de reduzir também o ECC.
O aumento na produção de leite, a nutrição desbalanceada e as ocorrências de saúde no pós-parto têm efeitos negativos sobre a eficiência reprodutiva, interferindo na taxa de concepção, atrasando a primeira IA pós-parto e estendendo os dias em aberto e o intervalo entre partos.
Por isso, é importante realizar o controle reprodutivo e a avaliação dos índices zootécnicos relacionados como, por exemplo, a taxa de concepção na primeira inseminação pós-parto.
Com o Prodap smartmilk, você consegue monitorar diariamente esses indicadores de forma individual e em grupo, além de estabelecer metas sem precisar sair da tela inicial do software, dando um melhor direcionamento para sua equipe em busca de resultados diferenciados.
Alguns indicadores de eficiência reprodutiva incluem: dias em aberto, intervalo entre partos, dias pós-parto na primeira IA, taxa de detecção de cio e taxa de concepção.
Doenças mais comuns no pós parto: suas causas e como reconhecê-las.
Como dito anteriormente, as vacas sofrem uma queda na imunidade durante o período de transição.
No pós-parto é interessante criar uma rotina de mensuração de doenças e monitoramento das vacas. É importante observar apetite, enchimento ruminal, aparência dos animais, consumo, produção de leite e comportamento.
Uma boa dica para avaliar o comportamento, por exemplo, é observar as vacas que não se levantam na hora do trato.
É muito comum observarmos altas incidências de doenças e distúrbios metabólicos nos animais no período do pós-parto.
Dentre as doenças mais comuns no pós-parto, podemos citar: metrite, retenção de placenta, cetose, hipocalcemia (também conhecida como febre do leite), deslocamento de abomaso e mastite.
Metrite
As inflamações e infecções uterinas comprometem a saúde e reduzem a eficiência reprodutiva do rebanho.
Metrite clínica: ocorre normalmente 21 dias após o parto. Os sinais mais comuns são: útero com volume aumentado e com descarga purulenta.
Metrite puerperal (tóxica): útero aumentado de volume com descarga uterina escura e fétida. Pode haver outros sinais que indicam acometimento sistêmico como febre, inapetência e queda na produção.
Endometrite clínica: é caracterizada por secreção purulenta na vagina detectável com mais de 21 dias decorridos do parto.
Existe uma grande relação entre higiene e metrite por isso é muito importante ter atenção com a limpeza do ambiente do pós-parto. Também podemos citar outros fatores predisponentes como falhas no sistema imune e quadros de hipocalcemia.
Retenção de placenta
A retenção de placenta ocorre por falhas no descolamento dos placentomas, que são junções entre a parte materna e a parte fetal da placenta.
Está muito associada a quadros de depressão do sistema imune e sua prevenção é muito mais eficaz do que o tratamento.
Cetose Bovina
O consumo inadequado de nutrientes no final da gestação e no início da lactação podem levar à mobilização excessiva de gordura e ao acúmulo de gordura no fígado.
Esses distúrbios no metabolismo e o balanço energético negativo severo podem levar à cetose, doença frequentemente associada à queda na produção de leite e prejuízos na atividade reprodutiva da vaca.
É muito importante ficar atento ao ECC, evitando variações excessivas entre o final da lactação e início da gestação. Reduza também os fatores que podem minimizar o consumo de matéria seca da vaca durante todo o período de transição.
A cetose pode ser monitorada individualmente por meio de exames rápidos, como é o exemplo deste, que utiliza apenas uma gota de sangue do animal.
Hipocalcemia
A hipocalcemia nada mais é do que um baixo nível de cálcio no sangue. Porém, ela pode ser classificada em clínica e subclínica. Nos quadros clínicos é comum observar que a vaca tem dificuldade para levantar e caminhar. Já nos quadros subclínicos não há manifestação de sinais.
Além disso, a hipocalcemia predispõe a vaca a doenças concomitantes. Um exemplo claro é que a hipocalcemia pode afetar o fechamento esfíncter do teto (que depende do cálcio para a contração) e aumentar o risco de mastite.
Deslocamento de abomaso
Nestes quadros, como o próprio nome já diz, o abomaso é deslocado de sua posição anatômica dentro da cavidade abdominal. No final da gestação o rúmen ocupa um espaço menor, devido ao tamanho do útero gravídico. Após o parto, ocorre um aumento no “espaço vazio” da cavidade abdominal, o que pode favorecer o deslocamento de abomaso.
Em grande parte dos casos, é necessária uma intervenção cirúrgica para reverter o quadro.
Além disso, existem outros fatores predisponentes como: cetose, hipocalcemia, queda na ingestão de matéria seca e baixa quantidade de fibra efetiva na dieta.
Uma boa saída para minimizar esse problema é trabalhar com fibras de boa qualidade para promover enchimento ruminal e trabalhar diretamente nos fatores que podem estar contribuindo para reduzir o consumo.
Mastite
As taxas de infecções intramamárias são maiores durante as 2 semanas anteriores ao parto, perdurando até cerca de 2 a 3 semanas pós-parto.
É uma doença que não pode ser negligenciada. Quando ocorrem casos de mastite na primeira semana pós-parto, as vacas têm um pico de produção menor, prejudicando toda a lactação.
Podemos citar dois grandes fatores de risco neste período: a imunossupressão e o desafio ambiental.
Um dos pontos dos programas de controle da mastite está focado na secagem das vacas e na higiene do ambiente da maternidade. Estratégias como a terapia de vaca seca e o uso de selantes ajudam a minimizar os riscos da mastite no pós-parto.
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Além disso, uma dieta corretamente balanceada, com níveis adequados de minerais e vitaminas, contribui para o estabelecimento de uma boa saúde do úbere.
Doenças concomitantes
É importante destacar que muitas vezes as vacas podem apresentar mais de uma dessas doenças ao mesmo tempo. Nas fotos abaixo, a vaca apresentava um quadro de cetose associada à retenção de placenta e metrite.
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