Categoria: Gado de Leite

Cetose bovina e como ela afeta a produção das vacas de leite

Data: 09/03/20

Autor: Marcelo Saldanha

Considerada uma das principais doenças que podem acometer o rebanho, principalmente quando se trata de gado leiteiro, a cetose bovina também é chamada de acetonomia, acetonúria e hipoglicemia.

Nesse texto você vai entender um pouco mais como essa enfermidade se desenvolve, como tratar e prevenir.

O que é cetose bovina?

cetose bovina em vacas de leite

A cetose bovina é uma doença metabólica que acomete principalmente vacas de alta produção no período de transição predominantemente nas três semanas após o parto.

É neste período que as vacas se encontram em balanço energético negativo (BEN), situação onde a demanda energética é superior a capacidade de ingestão de alimentos pelo animal.

Dessa maneira, vacas saudáveis vão utilizar suas reservas corporais para suprir esse déficit de energia. Porém há um limite para a mobilização e utilização dos ácidos graxos pelo fígado.

Após esse limite o fígado não consegue converter esses ácidos graxos em energia e glicose, parte é acumulada em suas células em forma de triglicerídeos e o restante convertidos em corpos cetónicos.

O que a cetose provoca no estado fisiológico do gado de leite?

Ocorre um grande aumento de ácidos graxos livres (AGL) no plasma sanguíneo devido a grande mobilização de gordura corporal da vaca com baixos níveis de glicose no sangue e déficit energético. 

Com a grande mobilização de reservas corporais, o animal tem uma perda excessiva de peso e redução do consumo de alimentos, influenciando diretamente na reprodução e produção de leite. 

Classificação da cetose bovina

Cetose Primária

A cetose primária ocorre devido ao BEN, ingestão de alimentos cetogênicos, principalmente silagens ricas em ácido butírico, dietas mal balanceadas, com excesso de oleaginosas, baixos teores de fibra e elevados níveis de extrato etéreo não tendo interferência de outras enfermidades.

Cetose Secundária

A cetose secundária ocorre em consequência de outra doença como mastites, hipocalcemia, deslocamento de abomaso, retenção de placenta e outros distúrbios no período de transição.

Nesses estados fisiológicos, se deprime mais ainda o consumo de alimentos, resultando em alterações no metabolismo de carboidratos.

Com base também na apresentação de sinais clínicos e níveis de corpos cetônicos presente no sangue, leite e saliva, podemos classificá-la em cetose clínica e subclínica.

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manejo de vacas no periodo de transição

Como a Cetose Bovina prejudica rebanhos leiteiros

Segundo estudos, a incidência da cetose pode chegar a 48,5% das vacas no pós-parto.

As perdas variam de custos associados à morte, serviços veterinários, descartes, redução da taxa de concepção, aumento do intervalo entre partos e período de serviço, redução de até 26% da produção de leite.

Com a diminuição da imunidade devido a doença, muitas vezes surgem outras como é o caso de mastites, deslocamento de abomaso, metrites, entre outras.

Veja também: Como as doenças reprodutivas em gado de leite impactam nos resultados?

Como medir cetose em bovinos de leite

É aconselhado o monitoramento da BHBA (beta- hidroxibutirato Mililitros/ litro de sangue) no terceiro, sétimo e décimo segundo dia após o parto, coletando uma amostra de sangue da ponta do rabo ou pela veia caudal, utilizando medidores e fitas próprias para este fim.

Os resultados podem ser interpretados conforme a tabela abaixo:

Tabela 1: Interpretação de resultados teste de BHBA sanguínea em vacas no pós-parto

cetose em bovinos de leite pós parto

Para animais com cetose leve ou moderada é indicado o fornecimento de Propileno Glicol 300ml via oral durante três dias consecutivos, já animais com quadro de cetose severa, realizar o tratamento com 500ml durante 5 dias e repetir o teste para acompanhar a quadro da cetose.

Como prevenir a cetose em bovinos de leite

Alguns fatores predispõe a maior incidência de cetose nas fazendas como:

Obesidade

O consumo de alimentos no pós parto é menor em vacas que estão acima do peso. Grandes quantidades de reserva corporal, favorecem a mobilização para suprir a falta de glicose no sangue. 

Estresse térmico

Limita a capacidade de consumo, aumentando drasticamente o balanço energético negativo e consequentemente a mobilização de gordura.  

Distúrbios no pós-parto

Toda patologia que ocorra no pré ou pós parto que leve a uma redução do consumo de alimentos, predispõe o aparecimento da cetose durante a lactação e na lactação subsequente.

Excesso de proteína não proteica no pré-parto

Dietas com teores de proteína bruta superiores a 20%  que está presente pela forma de nitrogênio não protéico (principalmente uréia) aumentam a incidência da cetose no rebanho.

Baixo fornecimento de proteína nas dietas durante o período seco dos animais

Dietas com níveis inferiores a 9% de proteína principalmente nas três semanas que antecedem o parto, elevam os números de casos da doença.

Superpopulação (restrição hídrica e alimentar)

A redução de 15%  do consumo predito devido a  falta de água ou disputa por espaço de coch, elevam significativamente o aparecimento de casos clínicos da doença. 

Período seco muito prolongados

Predispõe o aparecimento da ceose, independente da obesidade ou não das vacas.

Deficiência de cobalto e enxofre, entre outros.

Níveis baixos de cobalto nas dietas, reduzem a produção de vitamina B12 pela flora ruminal, e também déficit na produção de ácido propiônico.

Nutrição Animal

A chave para a prevenir e reduzir os prejuízos causados pela cetose é realizar um pré e pós-parto bem feito, formulando dietas que atendam adequadamente às exigências dos animais tanto em proteínas e energias quanto em minerais, vitaminas e aditivos.

Veja também: As melhores práticas de manejo alimentar para bovinos de leite

Uma nova ferramenta muito estudada na atualidade para o auxílio na prevenção da cetose é a utilização de colina protegida, tanto no pré como no pós parto.

Essa ferramenta se propõe a melhorar a saúde do fígado das vacas tratadas, demonstrado grande redução dos casos positivos, além do aumento da produção de leite corrigido para gordura.

Outro aditivo utilizado para o auxílio no controle da cetose é o fornecimento de propionato de cálcio ou ácido propiônico, que também ajudam na utilização da gordura mobilizada para o fígado, transformando-a em glicose.

Um pré parto bem feito, garante a redução de doenças metabólicas no período de transição, além de melhora reprodutiva do rebanho, maior exploração do potencial genético dos animais, tornando as fazendas mais lucrativas com maiores produtividades.

Monitorando a cetose com o PRODAP smartmilk

A composição do leite de vacas acometidas pela cetose sofrem variações bem características, que é o aumento significativo do teor de gordura do leite, aumentando sua relação de  gordura/proteína. Sendo um forte indicativo da presença da doença nas vacas em pós parto.

Com a ferramenta do controle leiteiro do Prodap smartmilk, onde colocamos a produção e composição do leite dos animais, podemos ver essa relação gordura/proteína, nos alertando de possíveis casos de cetose.

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