Categoria: Gado de Corte

Dicas para misturar dieta de confinamento com qualidade.

Data: 07/12/23

Autor: Marcelo Saldanha

A dieta de confinamento é uma estratégia alimentar que visa maximizar o desempenho dos animais em sistemas intensivos de produção. A dieta total é uma forma de fornecer todos os nutrientes necessários aos animais em uma única mistura, que pode ser composta por diferentes ingredientes, como forragens, concentrados, subprodutos, aditivos e suplementos.

Para que esse tipo de dieta seja eficiente e rentável, é preciso seguir alguns cuidados na seleção dos ingredientes, no preparo e na distribuição da mistura. Neste texto, vamos apresentar algumas dicas para melhorar a qualidade da mistura da dieta, utilizando o vagão misturador como ferramenta principal. Também vamos abordar a importância do monitoramento de qualidade da mistura e da rotina de confinamento, para garantir que os animais recebam uma alimentação adequada e uniforme.

A importância da ração de confinamento

A ração de confinamento é um tipo de alimentação fornecida aos animais que são criados em sistemas intensivos de produção, ou seja, que permanecem em espaços reduzidos e controlados. Esse tipo de ração visa atender às necessidades nutricionais dos animais, garantindo um bom desempenho produtivo e uma melhor qualidade da carne.

Esse tipo de ração deve ser formulada de acordo com a espécie, a raça, o peso, a idade e o objetivo do animal, levando em conta os ingredientes disponíveis na região e o custo-benefício da produção. Alguns dos principais componentes da ração de confinamento são: milho, soja, farelo de algodão, ureia, sal mineral, vitaminas e aditivos. É muito importante ressaltar que ela deve ser fornecida em quantidades adequadas e em horários regulares, evitando desperdícios e problemas digestivos nos animais.

Esta é uma estratégia importante para aumentar a rentabilidade da pecuária, pois permite obter animais mais pesados, com maior rendimento de carcaça e melhor acabamento de gordura, em um menor tempo de criação.

Seleção de ingredientes pelos animais

Uma forma de prevenir problemas de saúde nos animais é controlar a qualidade e a homogeneidade da dieta fornecida. Quando os animais têm acesso irrestrito aos alimentos, eles podem selecionar os ingredientes de acordo com o tamanho e a densidade das partículas, e consumir mais os componentes que lhes agradam.

Isso pode causar um desequilíbrio nutricional e metabólico, especialmente se os ingredientes selecionados forem ricos em amido, que podem provocar alterações na flora ruminal e na acidez do rúmen. Portanto, é importante evitar que os animais façam essa seleção.

O objetivo da ração perfeita

A ração perfeita é aquela que atende às necessidades nutricionais dos animais, proporcionando saúde, bem-estar e produtividade. Mas como alcançar esse objetivo em um cenário de variação de preços, qualidade e disponibilidade dos ingredientes?

Ingredientes

Um dos aspectos mais importantes na formulação de uma ração é a qualidade dos ingredientes utilizados. Os ingredientes com maior umidade, como a silagem e a cana, devem ter o seu teor de matéria seca monitorado frequentemente, pois pequenas variações podem comprometer a precisão da inclusão desses ingredientes na ração.

Além disso, os ingredientes que são utilizados em pequenas quantidades, como os minerais, a ureia e os aditivos, devem ser adicionados previamente em uma pré-mistura, para evitar erros de pesagem e da própria mistura, e para garantir um consumo mais uniforme desses componentes na ração distribuída nos cochos.

Outro fator que pode afetar a qualidade da ração é a segregação das partículas finas (fareladas), que podem conter um aditivo específico. Se essas partículas se separarem da ração no cocho, os animais podem não ingerir a quantidade necessária desse aditivo, o que pode resultar em distúrbios digestivos ou redução do desempenho.

Para minimizar esse problema, recomenda-se a adição de ingredientes úmidos (silagem, subprodutos úmidos) ou fluidos (água, melaço, óleo) na ração, pois eles ajudam a aglutinar as partículas pequenas e a reduzir a segregação durante a mistura e no cocho.

Mistura

Uma das etapas mais importantes na formulação de uma dieta para bovinos é a mistura dos ingredientes. A forma como os ingredientes são adicionados em um vagão misturador pode afetar tanto a qualidade da mistura quanto o tamanho das partículas dos alimentos. Portanto, é essencial seguir algumas recomendações para garantir uma mistura adequada e homogênea dos ingredientes.

A ordem de adição dos ingredientes depende do tipo de vagão misturador utilizado. Em geral, recomenda-se adicionar primeiro os ingredientes mais pesados e secos, como silagem, feno e concentrados. Em seguida, devem ser adicionados os ingredientes mais leves e úmidos, como polpa cítrica, ureia e aditivos. Essa ordem de adição favorece a distribuição uniforme dos ingredientes e evita a formação de grumos ou aglomerados.

O tempo de mistura também é um fator crítico para a qualidade da dieta. Um tempo de mistura insuficiente pode resultar em uma dieta com apresentação inadequada no cocho, com maior possibilidade de seleção de partículas pelos animais. Isso pode comprometer o balanceamento nutricional da dieta e causar variações no consumo e na produção. Por outro lado, um tempo de mistura excessivo pode causar uma redução excessiva do tamanho das partículas, especialmente das fibras. Isso pode afetar negativamente a saúde ruminal e a eficiência alimentar dos animais. Além disso, uma mistura excessiva pode causar segregação de partículas no cocho, com maior concentração de partículas finas na parte inferior e de partículas grossas na parte superior.

Portanto, é importante monitorar o tempo de mistura e ajustá-lo de acordo com o tipo de vagão misturador e os ingredientes utilizados. O tempo de mistura ideal deve ser aquele que garanta uma distribuição homogênea dos ingredientes sem causar danos às partículas ou segregação no cocho.

Importância da mistura da ração

Os sistemas de mistura de dieta (vagões misturadores) são fundamentais para garantir uma nutrição adequada e homogênea dos animais confinados.

No Brasil, existem basicamente três tipos de sistemas de mistura: um por tombamento, que consiste em um tambor cilíndrico que gira sobre um eixo e mistura os ingredientes por gravidade; um sistema de rotor, que possui um eixo vertical com lâminas que cortam e misturam os ingredientes dentro de uma caixa; e um sistema por roscas horizontais, que possui dois ou mais eixos paralelos com hélices que movimentam e misturam os ingredientes dentro de um compartimento.

Cada sistema tem suas vantagens e desvantagens em relação ao tempo e à qualidade da mistura, à capacidade operacional, ao custo, à manutenção e outros aspectos.

No entanto, muitos confinamentos ainda utilizam métodos mais artesanais e menos eficientes para fornecer a dieta aos animais, como o trato manual, com carretas de madeira ou com vagões que apenas distribuem a dieta sem misturá-la adequadamente (os chamados vagões em camada ou sanduíche). Esses métodos podem comprometer a uniformidade da dieta, a ingestão dos nutrientes, o desempenho dos animais e a ocorrência de distúrbios digestivos, como acidose, timpanismo, laminite, entre outros.

Portanto, é importante avaliar qual o sistema de mistura da dieta mais adequado para cada situação, levando em conta os aspectos técnicos, econômicos e ambientais envolvidos. Assim, é possível otimizar a nutrição dos animais confinados e obter melhores resultados em termos de ganho de peso, consumo, conversão alimentar, saúde e bem-estar animal.

Trato

Uma forma de melhorar a qualidade da alimentação dos animais é aumentar o número de vezes que se fornece a dieta. Isso diminui a chance de ocorrerem erros na mistura dos ingredientes, que podem afetar o valor nutricional e o desempenho dos animais. Além disso, ao fornecer a dieta mais vezes ao dia, se mantém uma condição mais estável no rúmen, que é o órgão responsável pela digestão da fibra. Assim, os micro-organismos que vivem no rúmen podem trabalhar de forma mais eficiente e aproveitar melhor os nutrientes da dieta.

Amostragem correta

Uma forma de avaliar a qualidade da dieta fornecida aos animais é realizar a amostragem em diferentes pontos do cocho posterior, coletando de 3 a 5 amostras para análise bromatológica. Essa análise permite comparar a composição da dieta formulada com o que realmente está sendo consumido pelos animais, verificando se há alguma discrepância ou deficiência nutricional.

Outra forma de monitorar a qualidade da dieta é verificar a quantidade e a composição da sobra no cocho. A sobra pode indicar se os animais estão selecionando os ingredientes da dieta, preferindo uns e rejeitando outros. A adição de água, a peletização de microingredientes, o uso de ingredientes com tamanho de partícula uniforme e a restrição leve de consumo (manejo de cocho limpo) podem ajudar a reduzir a seleção.

Além da sobra, a observação das fezes dos animais também pode revelar se há seleção no cocho. Se as fezes apresentam variação em consistência, coloração e composição dentro de um mesmo lote de animais, isso significa que os animais estão consumindo diferentes proporções dos ingredientes da dieta, o que pode afetar o seu equilíbrio nutricional. A observação dos animais se alimentando e a inspeção visual dos cochos após a alimentação também podem auxiliar na identificação da seleção.

Em dietas muito secas, como as que utilizam alto teor de concentrado como o bagaço de cana cru, a inclusão de água pode melhorar a qualidade da mistura e reduzir a presença de partículas finas e segregadas nos cochos. Essas partículas podem ser rejeitadas pelos animais ou causar problemas digestivos, como acidose ruminal. A água também pode favorecer o consumo e a digestibilidade da dieta, melhorando o aproveitamento dos nutrientes.

Importância da gestão da rotina do confinamento

Uma das principais estratégias para aumentar a produtividade e a rentabilidade do confinamento é o manejo adequado da alimentação dos animais. Para isso, é essencial que o produtor rural tenha um planejamento bem definido e uma rotina bem estruturada de todas as atividades relacionadas ao fornecimento da dieta.

Entre essas atividades, destacam-se o processamento correto dos ingredientes, a mistura homogênea da ração, o controle da quantidade e da qualidade do alimento oferecido, o monitoramento do consumo e do comportamento dos animais, a avaliação das condições sanitárias e do ambiente, entre outras. Essas medidas visam evitar a seleção de ingredientes no cocho, que pode comprometer o desempenho e a saúde dos bovinos, além de gerar desperdício e custos adicionais.

Diante do cenário de alta dos preços dos insumos e das dietas, é fundamental que o produtor rural busque soluções que otimizem o uso dos recursos e maximizem os resultados. Nesse sentido, a dsm-firmenich oferece a Solução Total, um serviço personalizado que integra conhecimento técnico, gestão eficiente e controle gerencial para o confinamento.

A metodologia Pecuária de Precisão da dsm-firmenich consiste em uma parceria com os clientes, na qual são definidas as metas financeiras e os programas nutricionais adequados para cada realidade, além de ser implantada uma rotina de acompanhamento e avaliação dos indicadores de desempenho, permitindo a tomada de decisões assertivas. Essa solução também envolve o treinamento e a capacitação de toda a equipe do confinamento, disseminando uma cultura de alta performance focada em resultados.

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