Categoria: Gado de Leite

Período de Transição de Vacas Leiteiras: Como fazer um bom manejo Pré Parto?

Data: 17/07/20

Autor: Marcelo Saldanha

No início do seu ciclo produtivo a vaca se encontra no período seco e, dentro de pouco tempo, acontece o parto e ela entra em lactação. Nesse texto você vai entender como garantir que alguns cuidados relacionados ao manejo nutricional, sanitário e produtivo sejam ser tomados durante esse período.

O que é o período de transição das vacas leiteiras?

As três semanas que antecedem o parto e as três semanas pós-parto fazem parte de um período onde ocorrem intensas mudanças no metabolismo e na fisiologia da vaca. Esse momento é chamado de período de transição.

vaca e bezerro logo após o parto 

Esse momento é muito importante porque é quando o animal se prepara para a produção de leite. 

Alguns cuidados relacionados ao manejo nutricional, sanitário e produtivo devem ser tomados para que você consiga ajudar a vaca a passar por essas alterações fisiológicas sem prejudicar sua saúde.

O gráfico abaixo representa a curva de lactação tradicional de uma vaca de leite, no qual podemos entender melhor as relações entre consumo de matéria seca, produção de leite e escore corporal. 

O que acontece com as vacas durante o período de transição?

ciclo produtivo de vacas leiteiras

Fonte: Milkpoint

Para interpretar esse gráfico vamos focar no tema do texto:

Como você pode ver, o período seco e o período de transição pré-parto correspondem às fases 1 e 2 do ciclo produtivo. Neste momento, as vacas não estão em produção e o consumo de matéria seca (CMS) é suficiente para atender as exigências do animal.

É aí que os problemas começam a aparecer… 

Balanço Energético Negativo

Podemos observar que acontece uma queda no CMS antes do parto, marcada pela fase 3. Logo em sequência, há um incremento na produção de leite. Neste momento, há um aumento na demanda energética da vaca e o consumo não é suficiente para suprir toda essa demanda. Esse quadro é chamado de balanço energético negativo (BEN).

Agora você vai entender como fazer um bom manejo nutricional de vacas em período de transição!

Manejo de vacas leiteiras pré e pós parto

Nutrição

vacas em pós parto no galpão se alimentando

Podemos dizer que o balanceamento da dieta é apenas a ponta do iceberg, é uma parte do conjunto. Pensando assim, o manejo nutricional é a base de tudo. Ou seja, deve entregar tudo o que foi formulado.

As práticas de manejo nutricional que ajudam a aumentar o CMS devem ser priorizadas durante o período de transição para superar o BEN logo no início da lactação.

Algumas práticas têm sido propostas para aumentar o consumo de energia durante o pós-parto, como o fornecimento de forragens mais digestíveis e de alta qualidade. 

Uma outra estratégia comumente adotada para reduzir os danos do BEN e da perda de condição corporal é aumentar a concentração de energia na dieta.

De fato, o aumento da densidade energética pode incrementar potencialmente o consumo e reduzir a mobilização de gordura corporal. Entretanto, essas mudanças na dieta podem trazer implicações para a função ruminal, composição do leite e metabolismo hormonal e por isso devem ser conduzidas por um nutricionista.

Separação de lotes 

A separação de lotes é fundamental para reduzir a disputa por alimento, tanto no pré como no pós-parto. Separar os lotes de vacas e novilhas muitas vezes é um desafio dentro da fazenda, seja por limitações físicas, operacionais, estruturais ou até mesmo por um baixo número de animais. 

Então, se não for possível separar os lotes em um primeiro momento, existem algumas dicas que podem ajudar:

  • Aumentar o espaço de cocho para 1m/animal;

  • Aumentar a sobra da dieta;

  • Formular a dieta focando nas exigências das primíparas;

vacas descansando no pós parto

Manejo Pré-parto

É muito comum perceber em algumas fazendas que as vacas no período seco são alojadas em um pasto distante, nos fundos da fazenda. Muitas das vezes não há forragem de qualidade no pasto e nem sombra suficiente para os animais. 

Diversos pesquisadores apontam os prejuízos do stress térmico durante o período seco. Além de reduzir o período de gestação, ele também reduz a produção de leite. 

Frequentemente os problemas pós-parto começam antes mesmo do parto! 

Por isso, devemos ter dois grandes focos no pré-parto: monitorar o consumo das vacas e o pH da urina.

Consumo

Há uma correlação positiva entre o consumo das vacas no pré e no pós-parto. Ou seja: se a vaca come pouco no pré-parto, ela tende a comer menos no pós-parto.

Como existem vários fatores que asseguram o consumo, podemos fazer um check-list para facilitar o monitoramento durante o dia-a-dia:

  • Conforto e comportamento: fique atento ao que as vacas te contam! É importante observar a frequência respiratória das vacas, ruminação, e até mesmo quantas vacas estão em pé;

  • Espaço de cocho: disputas vão fazer com que algumas vacas comam menos do que as outras;

  • Água de qualidade: vacas secas com gestação avançada possuem 64,7% do peso vivo em água. Além disso, o consumo de água está relacionado com o consumo de matéria seca;

  • Palatabilidade da dieta: como o consumo neste período é naturalmente menor, oferecer alimentos mais palatáveis é um ótimo recurso para aumentar o apetite das vacas;

  • Ambiente limpo e tranquilo: o ideal é reduzir ao máximo toda e qualquer fonte de stress para as vacas no pré-parto;

  • Localização: o pré-parto deve ficar em um ambiente de fácil acesso e visualização pelo pessoal da fazenda.

 Saiba mais: Veja como aumentar o consumo de matéria seca de bovinos de leite 

pH de urina

Já o pH da urina é um bom indicador do nível de suplementação aniônica pois reflete a diferença catio-aniônica (DCAD) da dieta, que deve apresentar valores negativos.  É uma análise de fácil execução na rotina da fazenda e existem várias ferramentas disponíveis, como por exemplo o pHmêtro (ou medidor de pH).

medidor de ph na urina de vacas

Dieta aniônica no pré parto de vacas leiteiras

A dieta aniônica estimula a mobilização do cálcio dos ossos. Assim, há um aumento na disponibilidade deste mineral no sangue durante um certo período, justamente quando a necessidade aumenta. 

O cálcio é essencial para diversas funções do organismo, como por exemplo para a transmissão de impulsos nervosos, contração muscular e até mesmo para o sistema imune. Durante a transição do final da prenhez para a lactação, são necessárias diversas adaptações no organismo da vaca para atender os requerimentos de cálcio, que aumentam abruptamente. 

A dieta aniônica é uma excelente estratégia para reduzir ocorrências de saúde no pós-parto, como hipocalcemia, além de contribuir para o aumento da produção de leite.

Mas atenção: não basta apenas fornecer um sal aniônico, a dieta como um todo tem que ter essa característica. A maioria das forragens é rica em potássio (K+), um mineral que contribui para um DCAD positivo. Por isso, o ideal é contar com a ajuda de um nutricionista para formular e orientar corretamente. 

Por quanto tempo devo trabalhar com uma dieta aniônica no pré-parto?

Diversos especialistas recomendam a dieta aniônica por, no mínimo, 21 dias. Porém, devemos lembrar que é muito comum que algumas vacas adiantem um pouco a data de parto. 

vacas separadas por lotes no galpão

Pensando nisso, é possível trabalhar em algumas situações com a dieta aniônica nos 30 dias que antecedem o parto. Mesmo que a vaca antecipe o parto em alguns dias, conseguimos garantir que a dieta foi consumida por pelo menos 21 dias. 

Mas para esse manejo funcionar, é imprescindível que haja um controle reprodutivo e registros confiáveis como, por exemplo, listas de previsão de parto, datas de confirmação de prenhez, entre outras listas que podem ser consultadas no Prodap smartmilk.

funcionalidades software de gestão pecuária de leite

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relatórios smartmilk 

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