O “Negócio Pecuária” mudou muito nas últimas décadas. Altas Margens de Lucro não são mais a realidade da média dos produtores.
Em nossa rotina, percebemos a grande dificuldade do produtor concluir se está lucrando ou não com seu negócio. Isso ocorre porque não é simples “fechar o resultado” econômico ou financeiro (fluxo de caixa) de uma atividade que apresenta ciclo operacional longo e muito recurso alocado em estoque (gado e insumos).
Os diagnósticos realizados pela Prodap no Brasil Central mostram que 1/3 das propriedades apresentam prejuízo outros 1/3 estão próximos do “zero a zero” e, por fim, 1/3 apresentam algum lucro.
O objetivo deste artigo é nos libertar de paradigmas criados há muitas décadas, quando a pecuária era “outro negócio” e entender o Modelo Mental dos vencedores.
A Pecuária Lucrativa é aquela que gasta menos!
Isso é um Paradigma ou um Modelo Mental Vencedor? Talvez a resposta seja: depende. Quando a pecuária brasileira estava inserida em um contexto econômico inflacionário, não havia dúvidas que o “Fazendeiro” de sucesso era aquele que gastava menos.
Naquele período “estoque em gado” era Poder! O uso de tecnologia para aumentar a produção era extremamente baixo. Vamos traduzir isso para prática, utilizando o exemplo da Suplementação Mineral que é um dos principais custos de produção.
Veja na Tabela abaixo uma representação dos custos envolvidos em três opções de suplemento com diferentes níveis tecnológicos:
Suplemento | Opção 1 | Opção 2 | Opção 3 |
PAN* (R$/cab./ano) | 80,00 | 95,00 | 126,00 |
(*) PAN = Plano Anual de Nutrição. Aqui na Prodap é assim que chamamos a estratégia de suplementação do rebanho.
Não há dúvida que naqueles tempos o produtor iria optar pelo produto de baixa tecnologia (ou quem sabe daria apenas sal branco!). Eu não sei se essa opção era a mais lucrativa, mas no final ele quase sempre obtinha Lucro.
Mas a Conjuntura da Pecuária é outra. Sabemos que hoje, não adianta ter baixo custo se o rebanho não PRODUZIR, pois a consequência disso seria um negócio de gastos e receitas pequenos. Assim, vamos verificar a hipótese de que o Modelo Mental de utilização de insumos que aumentem a produtividade ajudam a maximizar o lucro.
A lógica aqui passa a ser, gaste (racionalmente) com “custos variáveis”, aqueles que fazem produzir mais como suplementação, sanidade e genética, por outro lado segure ao máximo “custos fixos” que não possuem relação direta com a produtividade (gastos administrativos, manutenções, etc).
Vamos aprofundar o entendimento das opções de suplementos acima. O Suplemento Opção 2 custa mais pois possui maior tecnologia e, portanto, suporta maior desempenho. Dessa forma, na tabela abaixo evoluímos e raciocínio e chegamos à conclusão que a Opção 2 possui o menor gasto com suplemento por unidade de arroba produzida (R$ 95,00 / 5 = R$ 19,00), ou seja, o gasto com PAN é maior que a opção 1 mas reduz o custo de produção da arroba pois é um gasto variável que faz aumentar suficientemente produtividade.
Suplemento | Opção 1 | Opção 2 | Opção 3 |
PAN (R$/cab./ano) | $ 80,00 | $95,00 | $126,00 |
Ganho de Peso (@/ano) | 4,00 | 5,00 | 6,00 |
Custo de @ Produzida com Suplemento | $ 20,00 | $ 19,00 | $ 21,00 |
Perfeito! Estamos falando de Produção de Carne, uma commoditie, ou seja, quanto mais barato o custo de produção da arroba maior será o lucro já que temos muito pouco espaço para melhorar a precificação na venda. Assim, chegamos a um novo Modelo Mental:
A Pecuária Lucrativa é aquela que gasta menos por arroba produzida!
Concluímos que a Opção 1 é a que apresenta menor gasto total e que a Opção 2 apresenta um PAN com maior custo (R$ 95,00 x R$ 80,00) mas que suporta maior desempenho (5@ x 4@) em relação a Opção 1, resultando no menor custo de Produção da Arroba.
Vamos pensar juntos. Já sabemos que para lucrar mais com pecuária precisamos reduzir o custo de produção do nosso produto (arrobas de carcaça), mas neste momento, vamos introduzir mais uma variável fundamental em sistemas de produção comoditizados, a maximização da escala produtiva. Mas atenção!
Maximizar a “Escala Produtiva” significa aumentar o volume de arrobas PRODUZIDAS e não necessariamente aumentar estoque em gado sem o suporte adequado de pastagens.
Vamos agora analisar a Opção 3. Essa Opção apresenta o maior custo total e o maior ganho também. Perceba um detalhe interessante, para suportar o salto de produzir uma arroba a mais que a opção 2, o aumento de custo do PAN foi maior que o aumento de custo da Opção 2 para 1. Isso é resultado da chamada Lei dos Incrementos Decrescentes, presentes nos sistemas biológicos).
Como vimos a Opção 3 não apresenta o menor custo de produção por arroba, esse título é da Opção 2. Mas a Opção 3 é a que apresenta a maior Escala Produtiva (6@/cab./ano). Em outras palavras ela produz mais arrobas utilizando a mesma estrutura de custos fixos do negócio.
E aqui está a mágica, a Opção 3 gera mais receita, pois produz mais arrobas (6@ x R$ 150/@ = R$ 900,00).
Na Tabela abaixo, a última linha (Lucro) é o resultado do “Valor Produzido” menos “Demais Custos e Despesas” e menos “PAN”. Como resultado final podemos observar que a Opção 3 é a que deixa mais dinheiro no bolso!
Suplemento | Opção 1 | Opção 2 | Opção 3 |
PAN (R$/cab./ano) | $ 80,00 | $95,00 | $126,00 |
Ganho de Peso (@/ano) | 4,00 | 5,00 | 6,00 |
Custo de @ Produzida com Suplemento | $ 20,00 | $ 19,00 | $ 21,00 |
Demais Custos e Despesas (R$/ano) | $ 520,00 | $ 520,00 | $ 520,00 |
Valor Produzido* (R$/ano) | $ 600,00 | $ 750,00 | $ 900,00 |
Lucro (R$/ano) | $ 0,00 | $ 135,00 | $ 254,00 |
(*) consideramos o valor da arroba produzida em R$ 150,00
Agora sim, chegamos assim ao Modelo Mental dos Pecuaristas de Sucesso!
A Pecuária Lucrativa é aquela que gasta menos por arroba produzida, quando maximizada a Escala de Produtiva!
Assim, verificamos que comparações de custo da arroba produzida são muito úteis, mas devem ser feita em um contexto de mesmo nível de tecnologia, caso contrário podemos cair em uma cilada.
A escolha do PAN, ou de qualquer outra tecnologia, deve estar baseada no barril produtivo de forma que possa expressar seu potencial pretendido.
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